A Páscoa, celebrada no mês de Abibe, mais ou menos de abril, deveria reunir os irmãos, vivessem onde vivessem, fossem no extremo norte, fosse no estrangeiro. Todos eram obrigados a vir a Jerusalém, a cidade centro da vida nacional, e ali, como uma só família, recordarem a escravidão egípcia e a libertação por meio do sangue do cordeiro pascal. Havia um motivo histórico para essa festividade, e um motivo social também. Era de todo conveniente que os israelitas não se afastassem das ideias da nacionalidade, e a Páscoa era uma ocasião de atrair todos a um lugar comum.
Depois do exílio, quando os israelitas foram dispersos pelas províncias da Pérsia e pelas terras do Egito, e mesmo Ásia Menor e Roma, a vinda à capital sagrada era um dever. Lá vinham eles com seus dinheiros caldeus, gregos ou romanos, e em Jerusalém os trocavam por moeda nacional, para poderem prestar o seu culto a Deus. Foi contra abusos praticados nestas festas que Jesus se insurgiu, expulsando do Templo os vendilhões de bois, carneiros e outros animais para o sacrifício, e os banqueiros que trovavam o dinheiro.
Poderíamos até imaginar o que seria este afluxo de dinheiro estrangeiro na economia judaica. Os governos modernos esforçam-se para atrair turistas que lhes tragam dólares e libras, pesos ou francos. Entretanto, esta não seria a principal razão da vinda dos judeus de todas as partes do mundo. A fundamental seria a unificação do povo e seus ideais messiânicos, vivessem onde vivessem.
Depois da Páscoa, vinha o Pentecoste, cinquenta dias depois, e também chamada a Festa das Semanas ou das Colheitas (Ex 23.16: "Comemorem a Festa da Colheita logo que vocês começarem a colher o que plantaram"; 34.22: "Comemorem a Festa da Colheita quando começarem a fazer a primeira colheita do trigo. E comemorem a Festa das Barracas no outono, quando vocês colherem as suas frutas."; Nm 28.26 "Vocês terão outra festa, chamada “Festa da Colheita” ou “Festa das Semanas”. No primeiro dia dessa festa, quando oferecerem a Deus, o Senhor, a nova colheita de cereais, vocês se reunirão para o adorar, e ninguém trabalhará."), quando o povo deveria reconhecer a boa mão de Deus abençoando os seus campos e produzindo a messe farta.
Muitos forasteiros que vinham à festa da Páscoa ficavam em Jerusalém para esta outra festa, em vista da exiguidade de tempo para irem a seus lugares e voltarem novamente. Nesta festa, todos deviam oferecer voluntariamente ao Senhor segundo tivessem prosperado.
(Antônio Neves de Mesquita, Estudo dos Livros de
Números e Deuteronômio, Juerp, 1979, Rio de Janeiro, p. 135.)
Números e Deuteronômio, Juerp, 1979, Rio de Janeiro, p. 135.)
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